O inicio da quebra da ingenuidade universitária
Lá estava eu, recém concluída o relatório do PIBIC
(Programa de Iniciação Cientifica) no 3P de Ciências Sociais, quando, a
primeira crise existencial, neste caso, acadêmica, aconteceu. Qual o
sentido desta pesquisa? Qual a função disso? Qual o retorno social para a
comunidade estudada? Essas e várias outras problematizações me pegaram
em cheio. Lembro da angustia da inutilidade ao perceber que resultaria
num artigo e, consequentemente, preencher o Lattes. Era só isso? Não que
a busca interna girasse na busca do reconhecimento, pelo contrário, era
reflexo de uma angustia frente ao retorno da função social da pesquisa,
da universidade, do conhecimento...que conhecimento? Pronto. Uma porta
foi aberta e nunca mais fui a mesma. Se não existia preocupação no que
tange a função social da própria estrutura universitária frente às
questões reais da sociedade, então, tanto faz se eu for uma excelente
aluna ou uma aluna mediana. Eu entrei na universidade em busca de
conhecimento, não reconhecimento. Se é assim que opera a universidade,
então, irei aproveitar todas as suas oportunidades fora da sala de aula.
Congressos, eventos, jogos, encontros...lá estava eu. Só assim para
preencher a falta de sentido em concluir o curso, não pelo curso, mas
pela estrutura, não dos professores, para deixar claro, mas do sistema
universitário e a sua reprodutibilidade técnica para formar para o
mercado de trabalho sem gerar um ser pensante reflexivo da sua própria
existência. Eu sempre acreditei no potencial do curso, só não na estrutura atual.
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Como um dia me disseram e eu levei muito a sério: "É preciso fazer o curso de ciências sociais. E, tbm, deixar ele passar por você". E como passou! :)
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Como um dia me disseram e eu levei muito a sério: "É preciso fazer o curso de ciências sociais. E, tbm, deixar ele passar por você". E como passou! :)
Foto: Projeto Rondon, realizado em Porteirinha
(MG) em 2014. Esta é Dona Romana. De uma gentileza sensibilizadora. Ela é
quilombola e mora numa comunidade chamada Gorgulhos. Sem dúvida os
aprendizados fora da sala de aula enriqueceram quem sou hoje. E esta
experiência guardo com muito carinho.
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