Olhando para fora


A cidade em mim já tinha saido quando eu por mim decidir sair. Era como se ela mesma já estivesse se despedindo e deixando de fazer sentido, há anos. A cidade, o bairro, a rua, já apresentava o sinal da saudade de quem ia sem ter ido. As ruas, os sons de carro do buteco fuleira com a sinuca, do homem da feira que gritava, dos carros buzinando, da mulher que mudava de lado por causa da construção, do Flávio José tocando..do céu queimando. A vida pulsando alí, mas não em mim. Era hora de partir. "Era como estar satisfeito dentro de uma casa, mas ficar sentado diante da janela olhando para fora o tempo todo" como bem traduz o mesmo sentimento da personagem Ifemelu, ao falar das razões do fim do seu namoro, no livro da Americanah da Chimamanda.

Só me lembro da música.


A Poeira e a Estrada (na voz de Flávio José)

Amigo olhe a poeira
Olhe a estrada
Olhe os garranchos
Que arranham pensamentos
Entre o cascalho
Vá seperando os espinhos
Não esqueça que os caminhos
São difíceis pra danar
Nem todo atalho
Diminui uma distância
Nem toda ancia no final tem alegria
Veja na flor que o espinho lhe vigía
A noite adormece o dia
E a lua vem lhe ninar
Devagarinho
Vá pelo cheiro das flores
Siga os amores
Nunca deixe prá depois
Nem tudo é certo
Como quatro é dois e dois
Nem todo amor merece todo coração
Se a poesia ainda não lhe trouxe o fermento
E o sofrimento entre o amor, ganhou a vez
Nem tudo é eterno quando a gente sonha.


                   E você? O que tem visto pela janela por medo de não viver?

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